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A Curva de Juros: Como É Precificada e Sua Relação com os Títulos Prefixados e os DI’s Futuros

A curva de juros é uma representação gráfica que mostra o rendimento (taxa de juros) exigido pelo mercado para diferentes prazos de vencimento da dívida pública. Em outras palavras, ela reflete quanto o investidor quer receber hoje para emprestar dinheiro ao governo por prazos variados. É um dos principais termômetros das expectativas econômicas, influenciando diretamente decisões de investimento, política monetária e precificação de ativos.

No Brasil, uma das formas mais claras de visualizar e precificar essa curva é por meio dos títulos públicos prefixados, como a LTN (Letra do Tesouro Nacional) e a NTN-F (Nota do Tesouro Nacional série F). Esses papéis têm taxas definidas no momento da compra e seu preço é negociado com base no retorno exigido pelo mercado. Por exemplo, se um investidor compra uma LTN que vence em 2 anos pagando 11% ao ano, esse rendimento é um ponto da curva de juros no prazo de 2 anos. Quando somamos os preços negociados de LTNs e NTN-Fs de diversos vencimentos, conseguimos construir uma estimativa da curva de juros prefixada do Tesouro Nacional.

Por outro lado, existe uma outra fonte importante de informação sobre expectativas de juros futuros: os contratos de Depósito Interfinanceiro Futuro (DI1), negociados na B3. Esses derivativos refletem as projeções do mercado para a taxa média diária do CDI em datas futuras. Os DI’s futuros são altamente líquidos e reagem rapidamente a mudanças de cenário, como expectativas de inflação, decisões do Banco Central ou acontecimentos políticos.

A relação entre os DI’s e os títulos prefixados é estreita. Ambos refletem expectativas sobre os juros futuros, mas em naturezas distintas. Os contratos de DI são utilizados principalmente para hedge e especulação, com ajustes diários de valor, enquanto os títulos públicos são instrumentos de captação de recursos pelo governo. No entanto, as taxas dos DI’s futuros servem como base para o mercado avaliar se os preços dos títulos prefixados estão “justos”. Se o DI com vencimento em 2 anos estiver projetando uma taxa de 10,8% ao ano e uma LTN com mesmo prazo estiver oferecendo 11,2%, pode haver oportunidade de arbitragem ou percepção de risco adicional embutido no título.

Ambos os instrumentos, portanto, ajudam a desenhar a curva de juros brasileira — uma linha que nunca é neutra. Ela carrega as expectativas do mercado sobre inflação, política fiscal, decisões de Selic, e percepção de risco-país. Uma curva inclinada para cima (positiva) indica que o mercado espera juros maiores no futuro, normalmente associados a expectativas de inflação crescente. Já uma curva invertida pode sinalizar recessão ou cortes futuros da Selic.

Compreender a precificação da curva de juros e a relação entre os títulos prefixados e os DI’s futuros é essencial não apenas para investidores institucionais, mas também para quem busca tomar decisões mais conscientes em renda fixa ou estratégias de proteção e arbitragem. A curva de juros, mais do que um gráfico, é um mapa das expectativas econômicas de um país.

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